domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Trama que não me tramou

Eu, a Catarina e o Ricardo, na festa do segundo aniversário da Trama. Penso que a foto é de Sofia Gomes!

Imaginem que são donos de um negócio e vos aparece um maluco a pedir para aprender tudo o que sabem porque gostava de abrir outro negócio ali perto. Mandavam-no passear, não era?!

Pois não foi isso que a Catarina e o Ricardo, da Trama Livraria, fizeram. Do nada, contactei-os em Junho de 2009 a falar no meu projecto para abrir uma Loja de História Natural e a pedir formação. Como nunca tinha trabalhado numa livraria queria ter uma ideia melhor de tudo o que isso implica, desde as horas em pé atrás do balcão, ao atendimento ao cliente, passando pela gigantesca logística da coisa. Em troca, oferecia a minha mão de obra para aprender on the job.

A resposta deles foi super positiva. Ouviram o que eu tinha a dizer e aceitaram, de forma generosíssima, acolher-me. Discutimos um plano de formação, para que eu tocasse nas várias áreas da gestão de uma livraria. A preocupação deles era que eu não fizesse horas demais, que não fizesse mais do que as necessárias para aprender as diferentes tarefas. Não me queriam explorar (!). Acertámos um plano com a duração de um mês, durante Julho de 2009.

Como é que um tipo agradece estas coisas? Tentei ser o mais profissional possível durante a formação, aprender o mais rápido possível enquanto formando e contribuir da melhor forma enquanto voluntário.

Mas estou-lhes muito grato pela oportunidade.

A Catarina e o Ricardo são uma inspiração. Construíram sozinhos, com o seu suor e talento, nos dois anos da Trama uma livraria de referência em Lisboa. São livreiros excelentes. Terão sempre o meu obrigado e colaboração. Para que quando a Trama tiver 10 anos a Loja de História Natural já tenha quase oito.

Por isso, enquanto esperam que a loja abra, visitem a Trama Livraria. Na Rua de São Filipe Neri, Lisboa, rua que vai do Rato para a Artilharia 1. E se lá forem digam-lhes: o Estagiário agradece.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Slow Shop Movement ou como o Rui Patrão e o Pedro Empregado estão em plena concertação social

Risquem por favor o dia 1 de Março de 2010 da agenda; dificilmente conseguirei abrir a loja até lá.

Abrir uma loja é uma azáfama e, como demonstrou Ivone Silva na excelente rábula "Olívia Patroa, Olívia Costureira", as relações laborais entre Rui Patrão e Pedro Empregado não têm sido as mais harmoniosas.



"Ai desde que isto começou, dou-me muito mal comigo mesma". E não vale a pena. Por isso, aderi ao slow shop movement (parecido com o slow food movement mas para quem vai abrir uma loja); afinal meti-me nisto para concretizar um sonho, não para ter o Pedro Empregado a fazer greve à frente da loja.

"Uma coisa que me leva aos arames é quando eu Olívia Patroa chego ao atelier às 11 da manhã e vejo que o pessoal que havia de entrar às 9 acaba de entrar ao mesmo tempo que eu".

Como eu a compreendo, como eu a compreendo...

E, por isso, continuem a seguir este espaço para mais notícias. Sim porque o Rui Patrão vai deixar o Pedro Empregado ir de férias de Carnaval mas tem a renda e as contribuições para pagar e quando regressar vai ter que dar o corpo ao manifesto. O Pedro. Porque o Rui é muito fino.

(Espero conseguir abrir até ao equinócio da Primavera 21 de Março. Como dizem os AngloSax: Watch this space; e isto já precisava de um certo Comic Relief)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A difícil escolha do mobiliário

Uma das minhas primeiras preocupações depois de arrendado o espaço na Rua do Monte Olivete foi a escolha do mobiliário. O chão da loja é lindíssimo, em mármore verde com veios ocre, a rodear duas colunas de ferro em tons de ferrugem. Considerando o tipo de loja e o espaço em si resolvi, em Novembro de 2009, contactar a empresa Folio, uma empresa que desenha móveis por medida com enorme talento e qualidade.

A Folio desenhou, a meu pedido, vários módulos de estantes. Após comparar várias amostras de madeira, optei por mobiliário folheado a cerejeira; o folheado de cerejeira tem a cor do mel ou do âmbar, conjugando bem com as cores do chão e colunas. Era a escolha certa: uma madeira explorada sustentavelmente (nada de madeiras tropicais de origens dúbias); um mobiliário de grande qualidade a favorecer os produtos da loja.

Uma amostra de mobiliário folheado a cerejeira no chão da loja.

Só que - tinha que haver um só que - o preço acabou por me fazer reconsiderar a minha escolha. Foi muito difícil esta decisão...

Ao consultar o Plano de Negócios, acabado entretanto, e sabendo das minhas limitações em termos de recursos disponíveis para este empreendimento, constatei que a loja não conseguia absorver o custo do mobiliário que tinha escolhido e manter-se competitiva. O preço do mobiliário a adquirir tinha que espelhar esta realidade...

Os números acabaram por falar mais alto. Foi-me difícil ter de transmitir esta decisão à Folio, que tinha sido incansável em trabalhar comigo para satisfazer as minhas necessidades. Perdi nesta decisão alguma inocência: tive que olhar para os números e passar ao lado de outros considerandos. Tive que manter a vista no objectivo maior: abrir a loja com uma boa colecção de produtos e torná-la rentável.

Voltei, então, ao início. E quais eram agora as alternativas? Apesar de existirem empresas de mobiliário de loja, livrarias e outras, optei por analisar a oferta do IKEA, pela flexibilidade e liberdade - e design sóbrio - que trabalhar com os seus produtos permite. E, sim, pelo preço, mais elevado do que possa parecer num relance, mas, mesmo assim, aceitável para os meus meios.

Dentro das linhas de estantes do IKEA, escolhi a linha BESTÅ (que, pelo que me dizem, se lê bestó, ou parecido, devido à sonoridade do angstrong escandinavo no final da palavra - aquele A com um O em cima), por as prateleiras vergarem menos que as da linha Billy e por ter uma enorme variedade de módulos, tipos de iluminação, adereços, etc.

Tomada esta decisão, comprei um exemplar dos vários tamanhos das estantes na cor preto-castanho, para ver in situ o resultado.

As estantes BESTÅ, com várias alturas, montadas num dos cantos da loja. A amostra de cerejeira está incluída para comparação.

E decidi que o resultado era satisfatório, que a opção feita tem vantagens financeiras no curto prazo - apesar de ser de qualidade muito inferior ao mobiliário a fornecer pela Folio - e flexibilidade para se adaptar às necessidades da loja.

Neste ensaio, trouxe ainda livros meus para colocar nas estantes, para ter uma ideia do resultado final e perceber se o escuro, pesado, das estantes é aliviado quando as mesmas estão cheias de livros ou outros produtos. E gostei do resultado.

Estes são alguns dos livros que quero vender na loja.

Com esta decisão - sofrida - libertei meios para investir nos produtos a disponibilizar na loja.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O interlúdio do Jardim do Príncipe Real

Em Novembro de 2009 iniciaram-se obras de 'requalificação' do Jardim França Borges, também conhecido como Jardim do Príncipe Real. As obras iniciaram logo da pior forma, com o abate de 49 árvores, a grande maioria das quais saudáveis e viçosas.

Em resposta a este acontecimento, e às circunstâncias que o rodearam, publiquei um texto no blog Árvores de Portugal. O artigo foi lido por um grupo de pessoas que se opunha às obras - e com boa causa - e que me convidou a colaborar. Essa colaboração tem sido um dos meus maiores exercícios de cidadania, tem-me ajudado a compreender a forma como muitas das nossas instituições estão comprometidas no seu funcionamento por falta de financiamento e falta de independência, e tem-me dado a possibilidade de contribuir activamente para tentar melhorar este funcionamento. Este caso tem sido seguido no blog CidadaniaLX (entre outros blogues,  notáveis exemplos de participação cívica da população) e agora também no blog Amigos do Príncipe Real, nome que o grupo de defesa do jardim e do espaço envolvente adoptou.

Chocado com a violação da legalidade nesta obra, e com a passividade das autoridades reguladoras, deixei-me absorver pelo assunto, guiando, por exemplo, uma visita ao jardim no passado Domingo 31 de Janeiro de 2010, com o objectivo de informar a população sobre o que nos opõe às obras em curso. Infelizmente, isso tem significado que não tenho tido tanto tempo quanto desejava para dar atenção nem a este blog, nem ao desenvolvimento do projecto da Loja.

Se tempo é dinheiro, quero poder ganhá-lo numa democracia que funciona e, por um tempo, inverti as minhas prioridades. Mas isso não significa que o projecto esteja parado e darei notícias muito em breve, sobre a escolha feita para o mobiliário, sobre a constituição da empresa há uma semana, sobre a abertura de conta e escolha de banco, entre outros assuntos.

Obrigado por continuarem interessados no projecto!