quarta-feira, 30 de junho de 2010

Futuro do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa em perigo

Um amigo meu, no outro dia, perguntou na brincadeira se isto era "uma loja ou um centro comunitário", porque aqui me vou reunindo sobre questões cívicas que nada têm directamente a ver com a loja, ou porque tenho todo o prazer em mostrar artigos presentes na loja e explicá-los a quem por eles se fascina mas não tem capacidade financeira para os adquirir.

A resposta é que não somos, de facto, um centro comunitário mas o conceito não me desagrada de todo. A verdade é que, mesmo enquanto negócio, não conseguimos viver isolados do mundo e é por isso que hoje estou dedicado à defesa do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa.

Podem ver informação sobre esta questão, que hoje, 30 de Junho de 2010, vai a votos às 15h na CML, na forma de "Plano de pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico e zona envolvente":

- no blog da Liga dos Amigos do Jardim Botânico
- no Público de hoje
- no DN de hoje (é chocante ver a forma como a Universidade de Lisboa, entidade que tutela o Jardim Botânico, se demitiu das suas obrigações de proteger aquele espaço).

Só um grande movimento cívico poderá moderar este assalto concertado ao Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, que corre o risco de se tornar num jardim de recreio, muito mais pobre em biodiversidade e interesse botânico,  de menor área, tornado em logradouro de interesses comercias, fechado à circulação de ar por prédios cada vez mais altos em seu redor. A intervenção inclui ainda a destruição de largos trechos da cerca pombalina do jardim.

Irei colocar mais ligações sobre esta questão conforme houver desenvolvimentos. Mas, por favor, informem-se sobre o que se passa, começando pelos links acima. Mesmo se a vossa opinião venha a ser contrária à que aqui defenderei.

Está em jogo Património Nacional. Toda a área perdida do Jardim Botânico nunca mais será recuperada, dêem lá a volta que as autoridades e projectistas queiram dar à questão.


PS - se quiserem aceder ao Plano de Pormenor, um conjunto de ficheiros com 791 MB e que demorou quase duas horas de download, tenho todo o prazer em o gravar a quem passar pela loja com um DVD virgem.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Manuais da BTCV - conservação da natureza na prática

A BTCV (antes conhecida como British Trust for Conservation Volunteers) é a maior organização do Reino Unido dedicada à prática activa de medidas de conservação da natureza, em meio rural e em meio urbano. Todos os anos, mais de 200 mil voluntários participam nas suas acções práticas de conservação onde se limpam terrenos, plantam árvores, renovam sebes, recuperam vedações e muros e se constroem lagos.

Para dar apoio a estas acções, foi editada uma colecção de manuais práticos. É uma colecção de 10 manuais, cada um com um tema específico. E, claro, não estaria para aqui a falar nisto se não os tivessemos a todos aqui na loja. ora vejam lá as capas:

São manuais sobre: vedações; fazer muros secos (de pedra solta, sem cimento, de menor impacto e enorme benefício para a vida selvagem, fornecendo locais muito importantes para abrigo e reprodução nos espaços entre as pedras); caminhos para peões (para diminuir o impacto de visitantes no solo e vegetação, por exemplo); dunas (substrato muito específico);  sebes (outro habitat rural antes extremamente comum mas em profundo declínio; o seu benefício como habitat para plantas e abrigo e zona de alimentação para aves e mamíferos é enorme); plantar e cuidar de árvores (para diminuir a taxa de insucesso comum a muitos projectos de reflorestação);  cuidar de ferramentas (importantíssimo!); maneio de bosques (um bosque pode ser gerido para fornecer muito mais que madeira madura; toda uma economia rural pode ser sustida por bosques de multi-usos, para além dos benefícios que estes trazem para a conservação da natureza); canais e zonas húmidas (manter paúis e açudes, ou criá-los de base, por exemplo); manual urbano (tudo o que podemos fazer à nossa volta em meio urbano para melhorar o ambiente e a nossa qualidade de vida).

São muitos, verdade, mas a boa vontade de muitas actividades de conservação pode ser potenciada quando se tem um bom manual que ajuda a planear e executar da melhor forma o que se vai fazer. Bom, bom, era traduzi-los para português? Será que a BTCV ia nisso? Hmmm...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Vai fazer um InterRail este Verão?


Que tal levar um mapa dos caminhos de ferro da Europa? Estes e muitos outros mapas à venda aqui na loja.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O logotipo da Loja de História Natural

Eu sou admirador de uma pequena árvore de folha caduca da nossa flora.  Reveste-se na Primavera de pequenas folhas que no Outono ganham cores vivas, encarnadas. Não é muito abundante em Portugal. Aliás é algo rara e a Sul praticamente desaparecida. Existe nas Serras da Arrábida e, já na zona Centro, nas de Montejunto, Aire e Candeeiros. Por vezes, está reduzida a um ou dois exemplares perdidos pelo meio das serras. No Norte, vai sendo mais abundante.
Trata-se da zêlha Acer monspessulanum. Podem ver duas referências a esta pequena árvore no blogue as minhas plantas, onde a autora encontrou um raríssimo exemplar ainda existente na Serra de Montejunto, e no blogue Dias com árvores, desta vez à beira Tua, no Norte, onde, apesar de escassa, a zêlha se vai vendo com mais frequência.

Trata-se de um membro dos bordos, do género Acer. As folhas mais conhecidas em Portugal deste género são as do padreiro Acer pseudoplatanus que, como o nome indica, tem uma folha que lembra a de um plátano Platanus orientalis. O mesmo se passa com a folha de bordo que está na bandeira do Canadá, muitas vezes confundida com a folha do plátano. Estas folhas são palmadas, com cinco lóbulos, apesar de os dois lobos inferiores serem mais pequenos.

As folhas da zêlha são pequenas, e em geral trilobadas, poucas vezes mostrando o quarto e quintos lóbulos. No Jardim Botânico da Universidade de Lisboa há um exemplar discreto, mas bonito, na margem do lago do meio.
Foram as folhas da zêlha que serviram de inspiração para o logotipo da loja. Não só gosto da árvore de onde vem, como gosto do desenho da folha. Ao mesmo tempo, os três lóbulos são sugestivos, para mim, de várias outros temas relacionados com história natural. Se por um lado parecem as pegadas de certas aves, por outro lembram a classificação de Robert Whittaker da vida pluricelular na Terra em três grandes grupos - plantas, animais e fungos - com o pecíolo da folha a representar as bactérias e protistas.

Mas, de forma mais correcta, os três lóbulos lembram as três grandes linhas evolutivas de vida na Terra: arqueobactéria; eubacteria; eucariota. Gosto de pensar que a simples folha de zêlha representa, assim, a árvore filogenética do nosso planeta.

Por estas razões, o logotipo da Loja de História Natural, baseado na folha de uma bela mas rara árvore de Portugal, quer também representar a diversidade da vida. É um tema que me é caro, uma das razões porque abri a loja e que me levaram a querer inaugurar no dia internacional da biodiversidade, 22 de Maio de 2010.

Fez já um mês. Mas esse balanço fica para outro dia! Assim como a explicação das quatro palavras - flora, geo, astro, fauna - que sublinham o logotipo.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Casas-ninho para abelhas solitárias e abelhões comunitários

Os polinizadores naturais estão em apuros. Mais uma notícia, desta vez da BBC, dá conta do declínio da diversidade de abelhas e abelhões, borboletas e mariposas, sirfídeos (moscas miméticas que parecem abelhas ou vespas, mas são um tipo de moscas polinizadoras) e vespas (nem todas são carnívoras). Estes insectos auxiliares fazem um trabalho de polinização essencial para o funcionamento dos ecossistemas. Tanto a flora silvestre como as nossas hortas e pomares dependem dos seus serviços como polinizadores para conseguirem reproduzir-se e/ou produzir os bens alimentares de que dependemos, das leguminosas à fruta de mesa, passando pelos tomates, pimentos e outras hortaliças.

A presença de uma população saudável destes animais aumenta enormemente a produtividade agrícola. Nos EUA, por exemplo, desenvolveu-se uma apicultura migratória que vai sendo paga para levar as colmeias de Norte a Sul, de Este a Oeste, para ao longo do ano ir polinizando as colheitas do país, dos mirtilos a Norte do Estado de Nova Iorque às amendoeiras da Califórnia. Em Portugal, só nos últimos anos, com o crescente desaparecimento das antes ubíquas colmeias de abelhas-do-mel, os agricultores começaram a sentir o impacto na produtividade das suas colheitas da diminuição no número de polinizadores.

Existem muitos equívocos sobre alguns destes polinizadores. As abelhas solitárias e os abelhões não ferram pessoas e no entanto existe um receio generalizado destes animais. É importante perceber que são insectos inofensivos mas imensamente auxiliares. Já a abelha-do-mel, Apis mellifera mostra comportamentos agressivos e de defesa em grupo quando se sentem ameaçadas e por esta razão as suas colmeias são mantidas por apicultores. Mas a grande maioria das espécies de abelhas solitárias e abelhões são pacíficas.

Na Loja de História Natural temos várias tipos de casas-ninho para estes insectos auxiliares, para abelhões e abelhas solitárias, assim como alimentadores para abelhas e borboletas e abrigos para borboletas. Eis algumas delas:

Ninho em cerâmica para abelhões, que fazem ninho ao nível do solo.
 Três tipos diferentes de casas-ninho para abelhas-solitárias (incluindo mason e orchard bees). Os troncos para abelhas são em madeira de vidoeiro Betula sp..

Outro tipo de troncos para abelhas. Fáceis de pendurar pelas cordas em árvores.

Mais um tipo de casa-ninho para abelhas-solitárias.

E para borboletas:

Alimentador para borboletas (a esponja sai com facilidade e empapa-se numa calda de água com açucar ou alimento de borboletas) e um abrigo para borboletas com alimentador (as borboletas enfiam-se pelos lados para pernoitar e alimentam-se nas plataformas laterais).

Abrigo para borboletas, com aquecimento por radiação solar para permitir o aquecimento em dias frios ou mais rápido de manhã.

Os polinizadores selvagens necessitam da nossa ajuda e nós precisamos deles. A disponibilização de uma destas casas-ninho num quintal ou varanda perto de áreas verdes, ou num terreno, pode ser uma forma preciosa de os ajudar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Festa de Despedida da Livraria Trama do número 25B

Saldos de livros Sexta-feira, 18 de Junho de 2010 e Sábado, 19 de Junho de 2010. Festa Sábado à noite. Toda a noite. Na Livraria Trama, Rua de São Filipe Neri ao Rato, Lisboa. A não perder.
Carregue na imagem para a aumentar

A Livraria Trama vai mudar de casa. Ainda não sabe bem para onde, mas isso não importa. A Trama não são paredes. A Trama são a Catarina e o Ricardo e a sua energia e dedicação e os livros e a generosidade e o maldito vício do tabaco da Catarina e a irreverência de quem se atreve a pensar grande num mundo pequeno e se recusa por mau feitio ou por liberdade ou seja lá pelo que for a fazer fretes a paxás mas sem nunca deixar de fazer aquilo que fazem melhor: ser livreiros. Eu sou aprendiz da Trama. E vou lá estar na festa de despedida do espaço que ocupam e que vão largar, como se larga a pele para poder crescer e mudar. Sem nunca parar. E a Trama, em quase três anos, nunca parou. Até fico cansado só de pensar. Aqueles tipos são surreais.

O Estagiário vai lá estar a despedir-se do local onde foi tão generosamente recebido e a dar o meu apoio a quem ousa arriscar.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Globos Magnéticos de 10 e 20 cms em acção


Os globos levitadores magnéticos à venda na LHN foram finalmente postos em acção no passado Sábado, 12 de Junho de 2010. E não deixaram de impressionar! São fantásticos. Com prática, consegue-se fazer a esfera suspensa no ar rodar, como se fosse o movimento de rotação da Terra. É tudo ciência em acção.




No vídeo seguinte vêem-se os dois globos, de 10 e 20 cm de diâmetro, a funcionar lado a lado num dia de tempestade! O de 10 cm abanou um pouco desta vez, mostrando a sua flexibilidade e sensibilidade ao movimento.




E se se estão a perguntar o que acontece aos globos quando se desliga a electricidade (ou falta) as esferas são, simplesmente, atraídas magneticamente para a base e ficam aí fixas.

O custo? 43,60€ pelo globo de 10 cm e 88,60€ pelo globo levitador magnético de 20 cm. Valem um sem número de horas de fascínio!


segunda-feira, 14 de junho de 2010

Apresento-vos o Xugo, mascote da LHN

Hoje fui surprendido com uma bela prenda para a loja: um porta-cartões de visita em papier-mâché, feito por Marta Ferreira. Mas não é um porta-cartões qualquer! Com a forma de um texugo Meles meles, este porta-cartões conquistou-me!

Decidi nomeá-lo de Xugo e declará-lo mascote da Loja de História Natural. Obrigado, Manel, pela ideia e prenda! E obrigado Marta pela originalidade! Já não me imagino a vir trabalhar sem a companhia do Xugo.


A partir de agora não mais estarei sozinho na loja. Mas é melhor não deixar iogurtes abertos espalhados por aí...

Vida de lojista é ...

... começar a comer um iogurte às 13h00 e terminar às 17h00.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Quem diria que da EMEL viria algo de bom?!

A EMEL bloqueou um carro à porta da loja. O dístico de residente estava caducado.

Somos a favor do controlo do parqueamento na cidade de Lisboa, e não é a EMEL que faz os seus regulamentos, mas parece-nos que 90€ e duas horas de espera por ter o dístico caducado é excessivo. Um residente com o dístico caducado deveria ter oportunidade de provar que continua a ser residente e pagar uma coima muito mais baixa. Ser residente e estar atrasado com a burocracia (porque não se teve oportunidade para estar horas à espera na única loja da EMEL de Lisboa) é diferente de não ser residente e, por isso, pensamos que deveria haver tratamento diferenciado. Fica sempre a impressão que é o dinheiro que fala mais alto e não uma preocupação por racionalizar o estacionamento.

Mas... enquanto esperava pelo EMEL, o condutor do veículo entrou na loja e comprou um mapa do mundo mural, de 100 x 136 cm, plastificado, por uns meros 31,06€. O seu tamanho irá dominar toda uma parede e será uma excelente forma para registar viagens, eventos, amigos espalhados pelo mundo. Eis a foto do mapa vendido:


Mas ainda por cá há muitos outros mapas, de continentes ou de países, do mundo ou do espaço, com dinossáurios ou com o território de Portugal no tempo dos romanos, plastificados ou não. Como um mural da Via Láctea com 79 x 51 cm, ou um mural plastificado do Monte Everest e dos Himalaias com 59 x 96 cm, ambos da National Geographic. Ou mesmo outro mapa do mundo igual ao anterior mas ... ligeiramente diferente:



Porque o Norte estar em cima e o Sul em baixo é apenas uma convenção. O Mundo também pode ser representado desta forma, com os pinguins a mergulhar onde antes víamos ursos-polares e os ursos a caçar focas ainda com o cheiro de pinguins no ar. Mas para quê representar assim o planisfério, simplesmente para ser diferente? Penso que não. Começa por ser um excelente exercício mental termos que abordar temas que nos são familiares de outra perspectiva, contribuindo para atrasar eventuais perdas de 'celulazinhas cinzentas' como diria um certo Belga que, de acordo com o registo literário, também era um enorme desafio geográfico para os Europeus do seu tempo. Mas é também uma forma de combater ideais formadas sobre o mundo desenvolvido 'em cima' e o 'terceiro' mundo 'em baixo', ou de que os rios 'normalmente' vão de 'cima' para 'baixo', entre outras questões. Outros mapas existem, por exemplo, que colocam o Oceano Pacífico, em vez do Atlântico, no centro, desafiando mais uma vez a concepção cristalizada do mundo geográfico.

Moral da história: também mapas por aqui não faltam, como iremos mostrando no blog ao longo do tempo (e aqui vai uma dose de charme para cima dos leitores e uma piscadela de olhos, como quem convida para passarem por cá...).

Mas hoje vendemos o primeiro mapa mural e devemo-lo ... à EMEL.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mas se o seu georgiano já não é o que era...

... também temos cá um livro bilingue, para que possa ir lendo a informação em inglês. Este livro está recheado de ilustrações de aves de rapina, mochos e corujas da Geórgia, com muitas espécies comuns a Portugal, mesmo se algumas espécies se fazem representar por sub-espécies diferentes. As ilustrações são o ponto forte deste pequeno livro, repleto de informação sobre estes grupos de avifauna na Geórgia. Preço: 21,48€.


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Fora do Baralho #1

"Wildlife history of the Caucasus" era a promessa feita no catálogo. Ponto de encontro entre a flora e fauna da Europa e Ásia e África, o Cáucaso é uma região com uma biogeografia interessantíssima. Não consegui resistir e encomendei um exemplar. O que chegou não me podia ter deixado mais feliz (sério, fiz um sorriso de orelha a orelha e dei uma boa gargalhada). Podia devolver mas não devolvo. Vai inaugurar a secção de livro Fora do Baralho. E já por aqui há mais candidatos. Mas este é o mais original.

Por isso, já sabem, se tiverem uma vontade súbita de oferecer um presente a um amigo que lê alfabeto georgiano temos o presente perfeito.


Completamente baralhado com os dias

Estes feriados a meio da semana deixam uma pessoa meio zonza. Na Quarta-feira, antes do feriado de Quinta, houve uma sensação distinta de estarmos a uma Sexta-feira. Mas como abrimos aos Sábados e ontem foi feriado e estivemos fechados, dei comigo no final do dia a perguntar-se porque é não estava a dar a Câmara Clara na 2 (lá em casa só há 4 canais) ...

Mas afinal não era Domingo, era Quinta-feira, e hoje é Sexta-feira, outra vez o dia antes do Sábado. Mas o dia antes do Sábado não foi na Quarta?! Ando pró baralhado...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Um mundo de globos

Um globo terreste é uma excelente forma de representar o Planeta Terra. Recordo-me do globo que adornava o meu quarto quando era miúdo e a quantidade de horas que passei a viajar olhando para o globo, aprendendo cada vez mais sobre o nosso mundo.

O meu fascínio por globos passou para a loja e temos por cá uma grande variedade de globos: globos com luz; globos com relevo; globos design; globos candeeiro; globos de planetas (Lua, Vénus e Marte); globos estelares com o céu estrelado; globos da Terra no tempo dos dinossáurios; e até globos que levitam!

O aspecto geral do globo varia entre o globo político (com os diversos países em cores diferentes), físico (de oceanos azuis) , tipo antigo, (com aspecto de cartografia antiga apesar de a cartografia usada ser actual) e design (em jogos de duas cores, normalmente).

Para dar uma ideia desta variedade de globos, junto seguem algumas imagens de globos estilo antigo disponíveis aqui na loja., com preços entre os 40€ e os 135€. O preço do globo pode depender, por exemplo, da nobreza da base (plástico, alumínio, madeira), do diâmetro da esfera (aqui na loja dos 10 cm aos 40 cm), de outros materiais usado (plástico, coro, metalizado), da orginalidade das cores e do desenho do globo.

Vejamos alguns dos modelos tipo antigo que temos:
1. Modelo iluminado, base em plástico, 30 cm de diâmetro, desenho tradicional: 40€.

2. Modelo iluminado, 30 cm, base em material aborrachado: 65€.

3. Modelo com base em madeira, estilizado, 30 cm de diâmetro: 135€.


4. Modelo com 20 cm de diâmetro, com globo que fica suspenso no ar, devido ao efeito de um campo magnético criado por corrente eléctrica: 88,60€.

E esta é apenas uma pequena amostra do mundo de globos que temos na loja. Não quer vir espreitar?!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Se os livros fossem dinheiro... ou selos.

Imaginem, por um momento, que a entidade que gere o serviço de Multibanco passava a cobrar ao público uma taxa por serviço prestado. Agora imaginem que a taxa cobrada variava conforme o banco: os clientes dos bancos maiores pagavam menos, os dos bancos menores pagavam mais. Tudo, supostamente, de acordo com as leis do mercado: maiores bancos, mais clientes, melhores preços.

Seria possível este cenário em Portugal? Não. Entre Banco de Portugal, Assembleia da República e Governo, muitas vozes se levantariam para garantir o igual acesso a um serviço considerado essencial, para evitar concentração de mercado e perda de competitividade no sector.

Agora imaginem que os Correios de Portugal passavam a cobrar mais portes para enviar um carta de Lisboa a Bragança do que para enviar uma carta para Coimbra. Seria natural, maior distância, maior custo. Mas seria possível? Também não. O custo de enviar uma carta tem de ser igual para todo o país. Mais uma vez para evitar diferenças no acesso aos serviços em todo o território e impedir vantagens para quem está próximo dos grandes centros urbanos.

E agora façam o raciocínio inverso. Imaginem que as editoras e distribuidoras de Portugal tinham que fornecer os seus livros ao mesmo custo base a todas as livrarias de Portugal. Da Fnac ou Letra Livre, em Lisboa, à Arcádia Lusitana, em Bragança, o custo do livro para a livraria seria o mesmo. Seria possível? Claro que sim.

E seria desejável? Também penso que sim. Os livros não são quaisquer artigos, e tal é reconhecido na taxa inferior de IVA que é aplicada a um livro, a mesma que é aplicada a bens de consumo essenciais, como o pão. Acredito por isso que as condições de fornecimento deste bem também devem ser reguladas.

O que se passa neste momento é o desaparecimento por todo o país das livrarias de proximidade. Estas livrarias, normalmente fornecidas com descontos de 25-30% sobre o preço de capa, não conseguem competir com as grandes cadeias de livrarias que asseguram descontos de mais de 40%, podendo fazer descontos aos seus clientes que as outras livrarias não podem se quiserem sobreviver de porta aberta. E muito menos conseguem competir com feiras do livro, montadas com apoios públicos, onde os descontos ao público chegam aos 50%.

E esta questão não é nova. Nos EUA, esse bastião do capitalismo, entrou em vigor em 1936 o Acto anti-cartel Robinson-Patman que regula todo o sector retalhista. Este Acto proíbe produtores e distribuidores de darem tratamento preferencial a certos clientes e não a outros, se o efeito desta discriminação resulta na diminuição da competição e em danos reais a competidores. Descontos por volume de negócio apenas são permitidos se reflectirem diferenças mensuráveis no custo de venda do produto. Mas, nestes casos, as condições de desconto têm de ser iguais para todos. A intenção é, claramente, evitar práticas que diminuam a competição.

Ao abrigo deste Acto, a American Bookseller Association (ABA) tem, nas últimas duas décadas e na defesa dos interesses dos seus associados, processado  com sucesso várias editoras e distribuidoras por limitarem vantagens no acesso aos livros a apenas alguns (grandes) retalhistas. A própria ABA foi recentemente chamada a depor perante o Congresso dos EUA para dar testemunho da sua experiência neste combate anti-cartel.

Agora pensem na realidade nacional. Temos editoras a fornecer grandes cadeias de livros com enormes vantagens em relação às pequenas livrarias, resultando numa clara manipulação da competição, diminuição do número de livrarias independentes e concentração crescente do mercado. De tal forma que as grandes cadeias, neste momento, impõem às editoras descontos mínimos. E as editoras, de forma masoquista e com instintos suicidários, aceitam.

E temos editoras que simplesmente não fornecem de forma atempada. Aqui na Loja de História Natural estamos, por exemplo, há dois meses à espera que a Leya e a distribuidora Bertrand se dignem a abrir-nos conta de cliente (mas sem grande stress, investimos o dinheiro em quem quer vender).

Não há sequer uma tentativa de esconder práticas que têm, claramente, consequências na concorrência.

Existe alguma legislação em Portugal equivalente a este acto anti-cartel estadunidense? Foi com este fim que foi criada a Alta Autoridade para a Concorrência? Se sim, porque ninguém intervém no que se passa no mercado do livro em Portugal (e estou certo que noutros), onde reina a arbitrariedade, com resultados, a meu ver, muito nefastos na competição?

Porque é que a APEL - Associação Portuguesa de Editores e Livreiros não se manifesta? (esta é uma pergunta retórica, basta olhar para as feiras do livro para perceber que a APEL preocupa-se primeiro com as editoras em vez de tentar assegurar um equilíbrio entre o interesse de ambas as partes)

Estas questões são essenciais se quisermos assegurar um mercado livreiro competitivo e impedir que três ou quatro gigantes monopolizem o mercado do livro.

Mas os consumidores também não escapam incólumes destas questões. Há que votar com a carteira, algo que em Portugal não gostamos de fazer. De nada serve adorar a  Trama para de seguida ir a correr comprar com desconto directamente à editora na feira do livro. Ou descobrir um livro na Poesia Incompleta para de seguida o ir encomendar à Fnac. Se quisermos livrarias abertas todo o ano, não chega usar as mesmas como meros expositores de livros, há que apoiar com o nosso dinheiro e não chorar, simplesmente, quando se perde mais uma livraria independente.