quarta-feira, 29 de junho de 2011

E o muito esquecido (e estou certo que nunca se perguntaram isto)

Why is sex fun? (1997) é outro título de Jared Diamond que passou despercebido por ter sido publicado pouco tempo antes do livro que lhe daria o Pulitzer Guns, Germs and Steel.

Neste livro, o autor aborda (e agora traduzo da Wikipedia, porque já li o livro e o resumo me parece bem) o desenvolvimento evolutivo da sexualidade humana. Em particular, o autor concentra-se em aspectos da nossa sexualidade que são distintos de outros primatas incluindo a ovulação discreta das mulheres, o sexo privado nos humanos e a forma em U dos ovários das mulheres. Outras questões como a monogavia vs. poligamia e poliandria são também abordados.

Um livro muito interessante e de fácil leitura, que fala sem grandes tabús da sexualidade humana do ponto de vista evolutivo.

O mais recente livro de Jared Diamond é para o maradona

Natural Experiments of History (2010) é uma colecção de ensaios editada por Jared Diamond e James A. Robinson onde o uso do método comparativo no estudo da história humana - que esteve na base dos seus dois importantes livros anteriores Guns, Germs and Steel e Collapse - resulta em sete textos diferentes que abordam realidades e períodos da história humana muito diferentes.

"From Ancien Régime to Capitalism: The Spread of the French Revolution as a Natural Experiment" e "Exploding Wests: Boom and Bust in Nineteenth-Century Settler Societies" são dois ensaios que me saltam à vista.

Mas este não pode também deixar de interessar, um ensaio onde o desenvolvimento das instituições das ex-colónias Brasil, México e EUA e dos seus recém criados sistemas bancários no Século XIX é analisado de forma comparativa.: "Politics, Banking, and Economic Development: Evidence from New World Economies".

Um must, maradona, para gladiares com o CV (de que serve conhecimento sem discernimento, é o que me ocorre sobre o CV).

Outro livro de Jared Diamond também disponível

"A globalização torna impossível às sociedades modernas entrarem em colapso isoladamente, como aconteceu com a ilha da Páscoa e com os nórdicos da Gronelândia no passado", do prólogo. (para todos aqueles que anseiam por ver a Grécia afundar-se, a história ensina-nos que é melhor pensarem duas vezes...)

Tomos temos um fraquinho pelo destino de civilizações desaparecidas e pela especulação e debate de teorias que estes desaparecimentos permitem. Porque colapsou a sociedade da ilha da Páscoa? e os índios Anasazi? E os Maias? E os viquingues da Gronelândia, que morreram de fome ao lado de Innuit bem alimentados, o que aconteceu? Porque não morreram também os Innuit?

E a pergunta que muitos de nós fazemos: a nossa sociedade vai colapsar por causas ambientais?

No livro Collapse - How Societies Choose to Fail or Succeed o autor compara o desfecho de crises ambientais sentidas por várias sociedades do passado, algumas resultando no colapso das sociedades, outras resultando na mudança drástica de paradigmas culturais, permitindo a sobrevivência e, ver o caso do Japão, prosperidade daqueles que tiveram a coragem de olhar os problemas que enfrentavam de frente.

Eis as palavras do autor: "Este livro recorre ao método comparativo para tentar compreender os colapsos sociais para os quais os problemas ambientais dão o seu contributo. No meu livro anterior (Guns, Germs and Steel), apliquei o método comparativo ao problema inverso: as diferentes taxas de crescimento das sociedades humanas nos vários continentes ao longo dos últimos 13 mil anos. Neste livro, ao concentrar-me nos colapsos e não nos crescimentos, comparo muitas sociedades do passado e do presente que diferiram em relação à fragilidade ambiental, às relações com os vizinhos, às instituições políticas (...)."

Fernando Alexandre faz uma excelente recensão deste livro aqui.

Dois Livros do Jared Diamond aqui na Loja

Jared Diamond primeiro alcançou renome como escritor de ciência popular com o livro de 1991 The rise and fall of the third chimpanzee - how our animal heritage affects the way we live.
  
Da contracapa: "Mais de 98 por cento dos genes humanos são partilhados com as duas espécies de chimpanzé. O terceiro chimpanzé é o homem. O autor perscruta o nosso ciclo de vida, cultura, sexualidade e ímpetos destrutivos tanto contra nós próprios como contra o planeta para explorar as maneiras em que somos unicamente humanos embora ainda influenciados pelas nossas origens animais".



Mas seria em 1997 que o seu Guns, Germs and Steel - the fates of human societies (ou - a short history of everybody for the last 13,000 years, depende da versão da capa) que o autor se consagraria como um talento incontornável da escrita.

Este livro faz um síntese ambiciosa dos destinos de várias populações humanas, abordando a história de civilizações de todo o mundo, tocando em linguística e ecologia. Nele, o autor defende que as razões porque as populações de origem europeia se tornaram dominantes no presente estão relacionadas com factores ambientais, nomeadamente a maior variedade de plantas e animais selvagens adequados à domesticação na Eurásia, e que estas vantagens permitiram um maior avanço tecnológico que se mostrou crucial quando se deram contactos entre as diferentes civilizações do mundo, antes mais ou menos isoladas. Nas suas explicações, nega qualquer diferença racial como estando na base do desequilíbrio testemunhado historicamente nestes contactos.

Este livro deslumbra pela enorme capacidade de síntese da história dos vários ramos continentais da humanidade e pelo esclarecimento dos factores em jogo quando se tenta perceber a hegemonia Europeia no último meio milénio. Este título valeu ao autor um Prémio Pulitzer.

sábado, 18 de junho de 2011

Sugestão à CML: hortas urbanas no Parque

Aproveitando o ensejo da aceitação por parte da Câmara Municipal de Lisboa da campanha “O campo faz a festa na cidade” do Continente propomos que "O Campo se mude para a cidade". De vez.


Cara CML, porque não tornar a zona central do Parque Eduardo VII em hortas urbanas? A sério, porque não? Aquela zona central do jardim é um deserto de relva e buxo. Seria muito mais interessante ter couves e courgetes, beringelas e tomilho. Teria uma enorme mais valia, aumentando a segurança do Parque e a sustentabilidade da cidade. E incorporando o campo definitivamente no coração da cidade, numa altura em que o custo com a comida aumenta, e bem.

Aquele espaço até já está dividido em talhões geométricos, fáceis de dividir em talhões ainda mais pequenos. Mais do que pronto a uma iniciativa destas! E se algumas estrelas da cassete pirata tivessem lá a sua hortita seria uma excelente divulgação das hortas urbanas.

Como me disse Henrique Pereira dos Santos, se é chique a Sra. Obama ter uma horta urbana, e a Isabel dita II também, porque não avançar com uma iniciativa assim em Lisboa?
Foto de Osvaldo Gago.
Já imaginaram o que se podia ter ali? Campos de aveia ou girassois, favas e feijões. E muita gente a trabalhar a terra e a ganhar benefícios físicos e mentais com isso.

Não é uma boa ideia?


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Curso de Ilustração Científica no Borboletário 2, 3, 9 e 10 de Julho de 2011

Curso de Ilustração Científica no Borboletário 2, 3, 9 e 10 de Julho de 2011

Formadora: Diana Marques

Este curso pretende ensinar e preparar qualquer pessoa interessada em aprender técnicas de desenho para a execução de uma ilustração com valor científico.

Programa:
Dias 2 e 3 de Julho – introdução teórica e conceitos básicos de ilustração científica
com análise de exemplos e exercícios de iniciação à observação.
Dias 9 e 10 de Julho – incidência prática com desenvolvimento de uma ilustração a preto e branco a partir de exemplares vivos e de colecção.
Horário: 10h às 17h
Duração: 24h
Nº. de participantes: mínimo 10 | máximo 15
Data limite para inscrições: 22 de Junho de 2011
Preço: 130€ (inclui materiais a utilizar no curso)
Informações e marcações:
Serviço de Educação e Animação Cultural (SEAC)
Museus da Politécnica
Rua da Escola Politécnica, 58
1250-102 Lisboa
E-mail: geral@museus.ul.pt
Telf: 213921808 | 213921883

Festa de Aniversário do Jardim Botânico "o Chão das Artes - Casa da Cerca"

"A 18 de Junho a Casa da Cerca volta a abrir as suas portas para um dia de festa – a Festa de Aniversário do Jardim Botânico - que dá acesso gratuito a exposições, visitas guiadas, oficinas de arte, música, yoga e tai-chi ar livre e um pic-nic!

Sobre o Jardim Botânico - O Chão das Artes
 
Inaugurado em Junho de 2010, o Chão das Artes tem desenvolvido um projecto que explora a ligação entre a Natureza e a Arte, pela existência de plantas cujos componentes vegetais originam materiais que dão corpo e forma à realização artística. A videira de onde se extrai o carvão; o linho e o algodão, dos quais se extraem fibras para o fabrico de telas, a ruiva-dos-tintureiros de onde se obtém o vermelho, são exemplos das espécies que podem ser vistas neste espaço situado na envolvente da Casa da Cerca.

Veja aqui o Programa da Festa."

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Cabinet of Natural Curiosities de Albertus Selba

Já temos na loja o livro da editora Taschen Cabinet of Natural Curiosities. Trata-se de uma re-impressão de um tesauro de animais com gravuras, anteriormente distribuído em quatro volumes, e com o magnífico nome em latim Locupletissimi rerum naturalium thesauri accurata descriptio (segundo a Wikipedia significa "Descrição detalhada de um tesauro muito rico sobre os principais e mais raros objectos naturais"). O tesauro é da autoria de Albertus Selba, um zoólogo e farmacêutico neerlandês que atravessou a segunda metade do Séc. XVII e a primeira do Séc. XVIII.

É um livro riquíssimo em imagens dignas de serem emolduradas individualmente. Uma excelente ideia de decoração para uma parede ou um quarto. Ou uma casa-de-banho!

Imagino que o autor adorasse ter uma destas, com água corrente, quente e fria!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Encontro Ateísta e Humanista deste mês: Encontro com o autor do livro "Religião Porquê?" e Observar o Eclipse da Lua

No Encontro Ateísta e Humanista deste mês (Quarta, 15 de Junho de 2011, 20h aqui na Loja) vamos contar com a presença de Manuel Souto Teixeira, autor do livro "Religião Porquê?" e estar atentos ao Eclipse da Lua.

Manuel Souto Teixeira nasceu em Lisboa em 1936. Enquanto estudante de Medicina a sua propensão para a política e a eminência de ser preso, levou-o, como a muitos outros a interromper o curso e a aconselhou-o a assentar praça, acabando por ser mobilizado para Angola de 1962 a 64 e, só depois de voltar, concluiu o curso. Fez a sua carreira profissional quase sempre no Hospital dos Capuchos em Lisboa. Reformou-se em 2003 e, a partir de então, pode dedicar-se mais a diversas actividades entre as quais destacamos o estudo das religiões, o seu impacto negativo através dos tempos e muito particularmente nos tumultuosos dias que atravessamos e nos que virão. O presente livro, condensa antigas concepções do autor, ateu convicto, mas também a narração de muitos factos que ele próprio desconhecia, e que devem fazer parte da cultura histórica de quem não gosta de ser enganado pelos senhores das verdades absolutas.

A observação do Eclipse da Lua poderá ser feita no Observatório do Museu da Ciência, mesmo em frente à loja, a partir das 21h.


Depois não querem que eu seja bipolar

O ano na vida deste retalhista teve dois picos, Natal e Feira do Livro de Lisboa, sendo que o investimento de cerca de 2500€ para estar na Feira do Livro diminui - e muito - a margem do segundo pico. Mas fica uma ideia. A partir de agora vai começar a ser possível comparações ano a ano... Algo assustador, pois precisamos de estar a vender mais!

Mamíferos Carnívoros Ibéricos

O livro Mamíferos Carnívoros Ibéricos é o livro certo para conhecer os carnívoros da Península Ibérica. São 16 espécies de carnívoros (Carnivora), cuja distribuição (infelizmente com mapas apenas para Espanha), hábitos, ecologia, pegadas e dejectos são descritos ao pormenor:

(Ursidae) o urso-pardo Ursus arctos;
(Canidae) o lobo Canis lupus;
(Canidae) a zorra ou raposa Vulpes vulpes;
(Felidae) o lince-ibérico Lynx pardinus;
(Felidae) o gato-bravo Felis silvestris;
(Mustelidae) o texugo Meles meles;
(Mustelidae) a lontra Lutra lutra;
(Mustelidae) a marta Martes martes;
(Mustelidae) a fuinha Martes foina;
(Mustelidae) o toirão Putorius putorius
(Mustelidae) o arminho Mustela erminea;
(Mustelidae) a doninha Mustela nivalis;
(Mustelidae) o visão-europeu Mustela lutreola;
(Mustelidae) o visão-americano Mustela vison;
(Viverridae) a gineta Genetta genetta;
(Viverridae) o saca-rabos Herpestes ichneumon.


Podem visitar também as páginas da CARNIVORA- Núcleo de Estudos de Carnívoros e seus Ecossistema, onde encontram informação sobre as 14 destas 16 espécies que estão presentes em Portugal.

11 Caminhos +1 - Percursos na Biodiversidade



"Esta iniciativa consiste na inauguração de doze estações da Biodiversidade localizadas, quase todas, na rede Natura 2000. Os passeios às estações decorrerão ao fim-de-semana, entre os meses de Junho e Outubro de 2011. Os participantes serão guiados por dois investigadores convidados. As Estações da Biodiversidade são percursos pedestres onde se encontram instalados oito painéis informativos com imagens e comentários sobre plantas e animais comuns.

Os passeios têm entre 1 a 3 km de extensão, são gratuitos e acessíveis a todos os públicos. Não são necessárias inscrições prévias."

Podem obter o folheto informativo, com o calendário de passeios, aqui.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Consutório de Identificação: árvore em Espinho

Diz o nosso leitor: "Este fim-de-semana, deparei-me com uma árvore de tronco e ramos finos, de cor cinzenta clara, com cerca de três quatro metros de altura, perto de Espinho."

Quem arrisca? Parece-me um Prunus, mas um P. padus ou uma ginjeira? As folhas não são nada serradas, o que me baralha, ou é só eu a querer complicar? Passo a palavra!


E deixo-vos com este vídeo (compridote, 7 minutos) de elogio às árvores, também enviado pelo nosso leitor. Obrigado!

A Loja e os feriados

Vamos encerrar no feriado de dia 10 de Junho de 2011, mas abrimos as portas normalmente no Sábado dia 11 de Junho de 2011. Com o bónus de ser o Sérgio a atender e não eu!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Livros de Richard Mabey aqui na Loja

Richard Mabey é um dos mais populares autores britânicos de livros sobre história natural. Entrei em contacto com a sua obra em 1996, quando publicou Flora Britannica. Já conhecia o seu  Food for Free sem o associar no entanto ao autor.

Desde então publicou enquanto autor ou co-autor muitos mais livros. O seu último livro é The Perfumier and the Stinkhorn é um conjunto de ensaios sobre a sua relação com a natureza, a dualidade entre uma visão romântica do mundo natural e um intepretação estritamente científica do mesmo.


Estes são os títulos que temos aqui na loja deste autor:

Flora Britannica é uma obra prima sobre botânica, etnografia, história, uma referência obrigatória. Iniciou uma trilogia onde se inclui os dois livros seguintes:Birds Britannica e Bugs Britannica.




A Brush With Nature retoma a relação do autor com o mundo natural. Richard Mabey mostra um enorme ecletismo nos seus textos, relacionando informação sobre história, arte, ciências e muitos outros temas.



Beechcombings examina a relação da Humanidade e da sua Cultura com o mundo das árvores.


The Barley Bird - notes on the Suffolk nightingale leva o autor a uma zona específica do Reino Unido e a à vida de uma ave venerada pelo seu canto: o rouxinol.



Em Weeds - How vagabond plants gatecrashed civilization (Outubro de 2010), Richard Mabey debruça-se sobre as ervas 'daninhas' e a sua relação e interdependência connosco, num livro muito original e surpreendente. São plantas cuja tenacidade e adaptabilidade não podem deixar de  fascinar.


Nature Cure retrata o trajecto pessoal do autor na sua luta contra a depressão e a forma como o seu relacionamento com a natureza desempenhou um papel na sua recuperação. Vai muito além do seu mundo.


E, para finalizar os livros disponíveis neste minuto aqui na loja, o seu primeiro e grande clássico. Food for Free é o livro de referência para todos os que reminescem sobre um passado recolector da nossa espécie, que querem retirar da natureza alimentos bravos, selvagens. Na loja temos duas edições diferentes. A reprodução do livro original de 1972, entretanto revisto, e a edição condensada da colecção Collins Gems.

Apelo à Nossa Senhora do IVA

Não deixe que aumentem o IVA dos livros, senão estou completamente frito.

Muito obrigadinho.