domingo, 26 de fevereiro de 2012

Um clássico e um neo-clássico da fotografia de natureza


O Clássico: "Nature Photography Field Guide" escrito por John Shaw.


O Neo-Clássico:  "Composición en fotografía. El lenguaje del arte" de José Benito Ruiz.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Portagens nas SCUTs: eu até queria ter pago mas tenho que esperar pela multa ...

Como é que um cidadão português pode ter uma relação saudável com a máquina tributária se é demais evidente que a caça à multa é desígnio prioritário da dita cuja?

Fui a Vouzela, ao Encontro de Fotografia da Natureza. Fui Sábado, vim Domingo, passei numa auto-estrada com cobrança electrónica de portagens. Como não tenho Via Verde nem nenhum outro dispositivo tinha que fazer pós-pagamento. Passei nos correios não nessa semana, na semana seguinte, por esquecimento inicial, e já não consegui pagar. Apesar de ter supostamente 5 dias úteis a verdade é que na 3ª feira seguinte já não estava lá nada para pagar. Resultado, aguardar por mais uma multa. Como é que algo tão simples, andar numa auto-estrada se pode tornar num pesadelo burocrático tão grande? Porque é que a informação só está nos CTT 5 dias em vez de 30? Para caçar umas multas, claro.

No último ano paguei uma multa por parar o carro ao pé da loja, para fazer uma descarga, mas numa zona só de residentes. Paguei uma multa por ter pago o imposto de circulação com dois dias de atraso. Paguei uma multa porque entreguei uma declaração fora de prazo, por inépcia - fiz a declaração online mas parece que o sistema central não gravou e eu só percebi tarde demais. E agora vou pagar uma multa porque não tenho maneira de pagar as portagens porque algum cretino achou que este sistema de cobrança electrónica de portagens era viável. E até alguém perceber que não é, que os espanhois vão evitar vir a Portugal, que eu vou evitar sair de Lisboa de carro, vamos ter que ir pagando multas e mais multas pela incompetência dos outros.

Outro exemplo. Hoje termina o prazo de entrega à Segurança Social dos trabalhadores a recibo verde dos detalhes dos rendimentos no ano anterior. Mas esta informação já está na posse das finanças. As Finanças já cruza informação com a Segurança Social para detectar outros incumprimentos. Então para quê obrigar os contribuintes a ter de declarar o que ganham às Finanças e à Segurança Social? Porque não partilham a informação? Não era suposto quererem aumentar a produtividade do país?  Pelo contrário, querem criar mais obrigações sem sentido para caçar mais umas multas, claro.

O resultado de tudo isto é os portugueses ajudarem muitos negócios a fugir aos impostos. Sentem-se tão revoltados que descarregam nesta forma. Muitas são as pessoas que me dizem que não querem recibo.

Não me admiro que muitos façam isso mesmo e cada vez mais. Pagar ou não impostos faz a diferença entre manter a loja aberta ou não. Nós vamos fechar e manter-nos dentro da legalidade. Mas percebo que muitos negócios tentem fugir para sobreviver.

Que raiva! Eu só queria pagar as portagens como gente normal faz em todo o mundo, à saída da auto-estrada, como sempre se fez em Portugal até agora. É assim tão complicado?!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Encontros Humanistas de Lisboa: Debate sobre Humanismo com David Santos


Desde Setembro de 2010 que a loja recebe mensalmente os Encontros Ateístas e Humanistas de Lisboa. Esta, Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2012 não será excepção e vamos ter um debate sobre humanismo com Davis Santos.

"David Santos é hoje o mais jovem professor universitário de filosofia sendo desde 2009 docente na Universidade da Beira Interior, onde leciona cadeiras de Ética, Filosofia Política e Filosofia Antiga. Em simultâneo desenvolve um projecto de doutoramento sobre Filosofia Antiga e Ciência Cognitiva. Não é um Humanista, e virá, por isso mesmo, apresentar-nos as suas reflexões sobre porque não o é, o que certamente dará origem a um debate polémico, interessante e que nos fará refletir sobre as nossas próprias convicções."

Vai ser um motim! :-)

PS - Será também o último encontro a decorrer na loja, visto irmos fechar. Será uma despedida à grande!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Fotos lá de casa: ornitologistas do futuro!

Duas fotos lá de casa, com dois jovens ornitologistas, fã do guia Aves de Portugal.

Pergunta a mãe: «Têm na loja o mesmo livro versão folhas cartonadas? É que a página da poupa e o «abelhuco» começa a ficar gasta. A do «piquipau» e do peto vai pelo mesmo caminho. As do «ábibi» e da «ábiss» começam agora a ser muito requisitadas e não sabem o que as espera. E o pior (ou o melhor) é que perante o poder mágico destas página em calar choros (do mais fiteiro ao de dedo entalado), eu não me atrevo a esconder o guia daquelas quatro mãos.»


Aqui os jovens ornitologistas examinam peluches de aves com canto, um faz cantar um tordo e o outro uma cotovia!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Fotos lá de casa: mais um condomínio na Costa Alentejana. De joaninhas!

Condomínio de Joaninhas na Costa Alentejana
Conhecem os nossos abrigos de joaninhas? As joaninhas são essenciais nos jardins e pomares, são insectos auxiliares que controlam naturalmente pragas de pulgões e outros pequenos insectos. Este nosso cliente levou uma para casa. E quem bem ficou.

Serei um colibri

Wangari Muta Maathai a apelar para que todos façam aquilo que podem e não se deixem assustar com a dimensão do problema. Obrigado, Álvaro, pelo link. É um excerto do filme Dirt, ver o trailer abaixo. O filme foi inspirado pelo livro Dirt : The Ecstatic Skin of the Earth de William Bryant Logan que temos na loja (é preciso dizer?!).
 
É um livro sobre o solo, sobre talvez o bem pouco renovável mais desprezado por nós na actualidade. Com grandes custos económicos, ecológicos e civilizacionais. É perentório aprender-se mais sobre solos.


Na loja temos mais livros sobre solos:
- Conservação do Solo de José Bertoni e Francisco Lombardi Neto;
- Essential Soil Science - a clear and Concise Introduction to Soil Science de M. R. Ashman and G. Puri;
- Evaluación Agro-ecológica de Suelos - para un desarollo rural sostenible de Diego de la Rosa;
- Soil Types - A Field Identification Guide de Stephen Trudgill.


Se quiser conhecer comunidades de pessoas que estão a trabalhar nos temas da permacultura, transição e muito mais, visite o site Transição e Permacultura Portugal.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Esta também dizemos sem pieguices: temos 2 cópias do livro mais procurado dos últimos tempos, o Guia de Aves de Portugal da Assírio & Alvim

Quem quer um Guia de Aves da Assírio & Alvim?
Continua meio mundo a aguardar o lançamento da edição em Portugal pela Assírio & Alvim da segunda edição do livro "Collins Bird Guide". A primeira edição, o "Guia de Aves" da A&A de 2003 esgotou há muito e tivemos que responder que não tínhamos tantas vezes quantas nos foi perguntado.

Até agora... Pois é. A Assírio & Alvim descobriu na sua recente mudança de armazém dois exemplares 'enterrados' nos confins. E nós compramo-los, claro.

Por isso, pela primeira vez em mais de não sei quantos anos: sim, nós temos o "Guia de Aves" da Assírio & Alvim. Só não sabemos o que fazer com eles... Vendemos, simplesmente? Fazemos um leilão?

E não temos só esta novidade. A Collins edita 3 versões do Bird Guide: capa dura; capa mole; versão folio, tamanho grande e capa dura. Até agora tínhamos na loja apenas as duas primeiras versões. Mas adquirimos recentemente 2 exemplares de tamanho grande. Esta versão tem as dimensões 31x22 cms, as imagens e texto estão aumentados, para apreciar ainda mais a excelência das ilustrações e mapas. Para os observadores de aves que gostam mesmo da coisa! Sem dúvida que a versão tamanho folio dá outro prazer à sua consulta.

PS- É uma porra irmos fechar, não é?

Então aqui vai sem pieguices: a Loja de História Natural encerra as portas a 3 de Março de 2012.

Porra, que custou a escrever. Felizmente não estou no Parlamento (para a próxima, senhor deputado do PCP, em vez de "Porra!" atire-lhe com um pastel de nata, fazia-nos um favor a todos).

Não me vou alongar aqui muito, a notícia é muito simples. Tem havido alguma tensão entre o Rui patrão e o Pedro empregado mas finalmente decidimos anunciar a nossa desconcertação social.

A Loja de História Natural, na Rua do Monte Olivete, 40, Lisboa, encerra ao público no Sábado, 3 de Março de 2012. Existem causas materiais e imateriais para este facto mas sem dúvida que a falta de esperança no futuro imediato é a que mais pesa.

Durante quase dois anos tentámos cumprir a nossa missão de ajudar a aproximar os nossos clientes ao mundo natural, proporcionando bens e serviços que permitam aumentar o conhecimento sobre a vida selvagem e retirar prazer da proximidade, física ou intelectual, com a mesma. Livros, muitos livros, mas também chamarizes, mapas em relevo, globos... Vocês conhecem.

A loja abriu em final de Maio de 2010, no preciso momento que se iniciava um decréscimo no consumo privado em Portugal que se agrava até hoje. Temos pontaria, convenhamos. Apesar disto, as nossas vendas cresceram a bom ritmo e deveríamos estar a chegar à sustentabilidade financeira brevemente. Digo deveríamos porque o anúncio do Orçamento de Estado de 2012 em Outubro passado mudou a trajectória do nosso crescimento e não antevemos continuar a crescer nos próximos meses.

Não vimos de quem nos governa, localmente, nacionalmente e internacionalmente, decisões que nos dêem confiança nos tempos mais imediatos. Pela primeira vez percebi o significado do termo "confiança do investidor". Para continuar aberto seria necessário continuar a investir. Mas neste momento, investir é um risco que não quero convencer ninguém a correr. Temos, por isso, que reequacionar radicalmente a nossa actividade. E isso passa por fechar a loja.

A empresa não morre. Não temos dívidas e a ideia é mesmo essa: fechar a loja antes de termos dívidas, seja ao banco, seja a fornecedores, seja ao Estado, seja à senhoria, seja a quem for, para manter capacidade de resposta e intervenção. Iremos criar uma loja online, continuaremos a estar presentes, como temos estado até agora, em feiras específicas. Continuaremos a fazer as visitas guiadas a jardins. E estamos abertos a outras possibilidades que se atravessem no nosso caminho.

Mas esta loja fecha, e já me alonguei em excesso. Penso que conseguimos criar uma loja que fazia - que faz! - falta em Portugal.

Obrigado a todos vós que nos apoiaram, que são nossos clientes, ocasionais ou compulsivos (gostamos particularmente dos últimos!). Esta loja era um sonho meu de há muitos anos, e certamente desde que durante um ano estudei no Museu de História Natural em Londres. Quis fazer por cá um pouco do que se encontra lá. Acho que merecemos. Acho que valeu a pena. Outros agradecimentos há a fazer que serão feitos pessoalmente ou posteriormente.

Não haverão saldos, nem liquidações totais. A loja continuará a funcionar normalmente, no horário estabelecido, até ao dia do encerramento. As encomendas feitas serão servidas, continuaremos a receber novos livros. Será tudo o mais normal possível até fechar. Até porque - até que a loja online esteja a funcionar, facilitando o processo - continuarei a aceitar encomendas por email

A decisão foi inicialmente tomada em Novembro de 2011 e é agora confirmada publicamente. Com este anúncio, três semanas antes do encerramento, queremos dar oportunidade, se assim desejarem, de passarem pela loja para se despedirem e até fazerem alguma compra que tenham estado a adiar (Sim! Venham às compras!).

Apesar da verdade nua - a loja fecha - espero conseguir continuar a cumprir de outras maneiras a missão a que nos propusemos. 

Obrigado pelo vosso entusiasmo. A vossa adesão a este projecto faz valer todo o esforço.

Um livro que muita falta vai fazer este ano


Ainda agora Fevereiro começou e já o ano se adivinha de seca, e seca grande. O livro Agricultura Ecológica de Secano vai ser de leitura obrigatória este ano.

"A produção ecológica, de acordo com o Regulamento CE 834/2007, seria o paradigma da sustentabilidade, visto ter em alta consideração o trabalho do agricultor que o aplica e controla as práticas e técnicas permitidas, recomendadas ou proibidas, no seu caso, e sempre conducentes a essa produção equilibrada e muito menos dependente dos combustíveis fósseis. Com o objectivo de valorizar esta ideia quisemos agrupar, nesta publicação, diferentes trabalhos que indicam, tanto aos técnicos como aos agricultores que queiram transitar por esta via de igualdade e justiça social, qual é o caminho a seguir e o conhecimento sobre os diferentes aspectos que intervêm na gestão dos agrossistemas de sequeiro, sempre desde a experiência de muitos anos de investigação, experimentação ou prática diária."

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Drawn After Nature


Drawn after nature - The Complete Botanical Watercolours of the 16th-century Libri Picturati de Jan de Koning, Gerda van Uffelen e Alicja Zemanek (368 páginas, capa dura).

"For over 300 years, the Preußische Staatsbibliothek in Berlin held a most remarkable collection of botanical watercolours. They were catalogued as part of the library’s illustrated manuscripts, or Libri Picturati. These magnificent works of art, rich in colour and detail, were made in the second half of the 16th century in the southern part of the Low Countries.

In the 1970s the complete set of watercolours had been rediscovered and sparked the interest of historians, art historians and botanists alike. Together they set out to unravel the many secrets still held by the Libri Picturati’s watercolours: who had collected them, and why?

A team of pre-eminent European scientists worked together on these and other intriguing questions surrounding the collection. They unveiled the important role played by the famous Dutch botanist Carolus Clusius, who later founded the University of Leiden’s Botanical Gardens.

Drawn after nature contains accessible and informative chapters on the collection’s history, but most importantly: it brings together all of the original 1429 watercolours and sketches, for the first time in one volume, accompanied by their original annotations.

This book presents a vivid and complete picture of this unique historical collection. Botanists, art lovers, historians as well as the general public will enjoy this publication of the watercolours, their annotations and their history, but above all their supreme beauty and display of craftsmanship."

Reportagem no Jornal da Noite da SIC sobre o Encontro de Fotografia de Natureza e Vida Selvagem no Jornal da Noite

O Jornal da Noite da SIC de hoje, Terça-feira dia 7 de Fevereiro de 2012, irá mostrar uma reportagem da Jornalista Carla Castelo sobre o Encontro de Fotografia de Natureza e Vida Selvagem que decorreu em Vouzela. Não percam!
A reportagem está inserida na segunda-parte do Jornal da Noite da Sic de 7 de Fevereiro de 2012.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Colectivo de Fotógrafos de Natureza Portugueses


Colectivo de Fotógrafos de Natureza Portugueses, apresentado no II Encontro de Fotografia de Natureza e Vida Selvagem, em Vouzela.

Decorreu com grande sucesso nos passados dias 28 e 29 de Janeiro de 2012, em Vouzela, o II Encontro de Fotografia de Natureza e Vida Selvagem.

A Loja de História Natural teve presente com uma banca muito concorrida. E foi um prazer. Este encontro tornou-se rapidamente numa referência e promete novos desenvolvimentos nos anos futuros. É uma iniciativa de João Cosme, com participação de outros fotógrafos da natureza. Estiveram presentes, entre apresentações e na assistência (ordem ao calhas) Alexandre Vaz, João Quaresma, Ricardo Lourenço, Nuno Sá, Luís Quinta, José Benito Ruiz, Ricardo Guerreiro, Gonçalo Rosa, Carlos Dias, Rui Guerra, Armando Caldas, João Nunes da Silva, Diogo Oliveira, Fernando Romão, Carlos Palma Rio e muitos mais. (tenho todo o gosto em acrescentar aqui o nome e ligação de outros fotógrafos que tenham estado presentes e que não tenha incluído por esquecimento, é só entrarem em contacto!). O talento na fotografia de natureza em Portugal é enorme e ganha em confiança.

Durante o encontro ajudei o autor José Benito Ruiz a vender alguns dos seus livros. O livro "Composición en fotografía. El lenguaje del arte." esgotou durante o encontro. Para quem não conseguiu uma cópia quero informar que já estão a caminho da loja vários exemplares!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Mariposas de España Y Europa


O livro Mariposas de España Y Europa de Tom Tolman e Richard Lewington é a segunda edição deste guia de identificação de borbletas diurnas europeias. 


"Este guia tem mais de 400 mapas de distribuição e mais de 2000 ilustrações a cores que mostram o macho, a fêmea e cada uma das diferentes formas de todas as espécies. O livro inclui todas as 440 espécies registadas é feito um resumo da informação disponível sobre a taxonomia, distribuição, identificação e variabilidade, horas de vôo, habitat, biologia, comportamento e estatuto de conservação." É ainda fornecida informação sobre as plantas de que se alimentam, para facilitar a localização.

Em defesa de uma Mulher

O sentimento de satisfação demonstrado em jornais e blogs portugueses pela trágica morte de parto de uma jovem mulher na Austrália deixa-me profundamente perturbado com a falta de empatia, com a crueldade fácil, e com o terrível paternalismo machista que demonstra.

Caroline Lovell, uma fotógrafa de 36 anos, mãe de uma filha e grávida de outra, morreu devido a complicações de parto. Decidiu ter a filha em casa, com o apoio de uma parteira profissional, algo que milhares de mulheres fazem por todo o mundo, por escolha, e não por falta de acesso ao hospital. A decisão de dar à luz em casa não foi um acto irreflectido; a gravidez não era de risco, o primeiro parto já tinha sido em casa e tinha corrido bem; a gravidez tinha sido medicamente assistida; o parto seria acompanhado por uma profissional.

Infelizmente, e tragicamente, após o nascimento da bebé a saúde da mãe deteriorou-se rapidamente - talvez devido a uma hemorragia grave - e a mãe teve uma paragem cardíaca. Foi reanimada e transportada para o hospital onde viria a falecer no dia seguinte (e não morreu em casa como muitas notícias dizem).

Esta é a primeira morte de que há notícia nos últimos anos na Austrália de uma parturiente que deu à luz em casa. Um estudo anteriormente efectuado no Reino Unido em que se inclui 6000 partos em casa resultou numa taxa de mortalidade da mãe de 0%. Os partos em casa estão a crescer em toda a Europa, sem aparente riscos acrescidos, apesar de novos estudos puderem vir a demonstrar o contrário. Não estamos portanto a falar de alguém que recusou uma transfusão sanguínea por crenças religiosas, ou que decidiu não vacinar os seus filhos. Estamos a falar de uma mulher que tomou o controlo sobre a sua vida de uma forma instruída.

Porque é, então, a morte desta mulher notícia tão comentada? É que Caroline Lovell reivindicou durante a sua vida o direito das mulheres que querem dar à luz em casa a terem mais apoio do Estado e alertou uma comissão de saúde sobre este tema, em 2009, para a possibilidade da posição do Governo Australiano poder perigar a vida de mulheres que decidissem dar à luz em casa. Pedia, entre outras coisas, maior apoio para as parteiras profissionais, que imagino se vêem obrigadas a trabalhar de forma exclusivamente privada e sem qualquer apoio ou relação com o restante serviço de saúde. Esta suposta ironia, de ter lutado por um direito e morrido a exercê-lo mostrou-se irresistível por todo o mundo.

Mas em Portugal, o julgamento desta mulher, que dispôs da sua vida da forma que achou melhor, foi em vários locais bastante curto e unânime. A mensagem implícita foi clara. "Irresponsável." "Pagou com a vida a sua estupidez". Era como estar a ler um jornal na Arábia Saudita a comentar a morte de uma mulher ao volante meses depois de as mulheres terem ganho o direito a conduzir.

Afinal, há maior pecado em Portugal do que desafiar o status quo e lutar pelo direito a decidir sobre si, sobre o seu corpo? Haverá maior pecado do que atrever-se a pôr a cabeça acima do parapeito, pecado redobrado se a cabeça for feminina? Onde é que já se viu, uma mulher a querer levar a sua avante, a desafiar de forma instruída, a opinião vigente sobre os partos 'terem' de ocorrer em hospitais? Imagine-se, uma mulher a querer ser dona do seu corpo, a querer dispor de um dos momentos mais importantes da sua vida da forma que achava melhor para si?

"Teve o que merecia."  foi um sentimento demasiado comum que vi ligado a esta notícia.

Uma mulher jovem, mãe de dois, perdeu a vida de parto. É uma tragédia.

Pode esta tragédia servir para renovar o debate sobre a segurança dos partos em casa? Após mostrar-se o respeito devido à vítima, pode. (Mostrar o devido respeito não é chamar à notícia triste e depois desancar a vítima.)

Como é que alguém pode tirar deste acontecimento isolado qualquer elação ou ilação que não seja fomentada por despeito, inveja, crueldade e uma incrível vontade de ditar aos outros (em especial às mulheres) o que é certo e o que é errado?

Mas há quem fique satisfeito com a desgraça desta pessoa. E isso é quase igualmente trágico.