sexta-feira, 4 de maio de 2012

Rebentar de touça

Algumas plantas têm a capacidade de rebentar de touça ou raíz depois de perderem os seus caules ou parte aérea. O processo demora algum tempo, a planta tem que reorganizar os seus tecidos, mudar os investimentos energéticos, ultrapassar aquela quebra catastrófica.

Nem todas as plantas o conseguem fazer com sucesso. Por vezes fazem-no cedo demais, investem tudo num canto do cisne que não resulta. E a planta morre. Outras espécies demoram mais tempo mas fazem-no com sucesso.

Nestas plantas, as raízes e a base do caule - a touça que resta depois de um incêndio ou abate de uma árvore - começam, pouco a pouco, a fazer inchar gemas que antes estavam dormentes e, se tiverem vigor suficiente, em breve rebentam de touça, lançam novos ramos, reaparecem. Com folhas novas e verdes e brilhantes e espectaculares.

Acontece depois de incêndios, por exemplo, principalmente quando a temperatura não atingiu níveis demasiado altos. E está a acontecer com a Loja de História Natural que encerrou antes que o fogo tudo queimasse.

Março foi duro. Logisticamente e emocionalmente. Abril passou rápido, comigo a reorganizar o stock - a loja está dividida por uma casa e duas arrecadações. Mas, devagarinho, começo a sentir algumas gemas dormentes a inchar e a querer rebentar. Tem sido aos poucos. O fascínio de receber duas encomendas para clientes. O sol que tenho sentido com alguns pedidos que chegam por email. Se as primeiras horas de retorno ao trabalho no computador foram duras, começam agora a passar mais rápido. Volto a sentir,  finalmente, a fome de fazer coisas.

Just you wait, Henry Higgins, just you wait!

Esperem mais um bocadinho. Obrigado pela companhia.


1 comentário:

  1. Olá, Pedro,
    Gosto sempre de metáforas botânicas.
    Pois que a coisa rebente saudável e à medida dos recursos energéticos. :)

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