quinta-feira, 6 de junho de 2019

É a luta contra a abstenção a chave para manter o Chega/Basta fora do Parlamento?

Após as Eleições Europeias de 2019, houve quem quisesse fazer um exercício de extrapolação e calcular como seria a composição do Parlamento se a votação tivesse sido para as Legislativas que aí vêm. De acordo com essa extrapolação, se os resultados se repetissem haveria a estreia de três novos partidos/coligações no Parlamento - Aliança, Livre e Basta - que conseguiriam uma mandato pelo Distrito de Lisboa.
Resultados das Europeias 2019 para o Distrito de Lisboa. Se os resultados fossem das Legislativas 2019, Aliança, Livre e Basta conseguiriam eleger pelo Distrito de Lisboa. O Distrito de Lisboa elege 47 deputados e um resultado igual ou superior a 2,1% dos votos garante a eleição de representante no Parlamento.

Comecei por querer confirmar esta extrapolação e fiz uma simulação deste resultado para Lisboa num simulador online de resultados eleitorais - podem visualizá-la aqui -  usando os número de votos para o Distrito de Lisboa nas Eleições Europeias de 2019. De acordo com esta simulação, os partidos Aliança e Livre e a coligação Basta elegeriam, de facto, por essa ordem, uma deputada ou deputado pelo Distrito de Lisboa para o Parlamento.

Ferramenta online de simulação de resultados eleitorais.


Já após as Europeias de 2014 se tinha feito o mesmo exercício com resultados semelhantes que não se vieram a confirmar nas Legislativas de 2015. Mas apesar de esta extrapolação ser um exercício com um número elevado de variáveis não controláveis, a possibilidade de a coligação Basta conseguir eleger uma deputada ou deputado é real e preocupa.

Uma das variáveis que se espera à partida ir ser diferente nas Legislativas de 2019 é o valor da abstenção. No distrito de Lisboa, a abstenção rondou os 40% nas Legislativas de 2011 e 2015 mas rondou os 60% nas Europeias de 2014 e 2019.

É habitual a abstenção favorecer os resultados proporcionais dos pequenos partidos de forma mais marcada que o número absoluto de votos que conseguem. A explicação provável é que estes pequenos partidos têm um núcleo de eleitores mais fiel e mobilizado que se dilui quanto menor for a abstenção.

Simulação para LX se menor abstenção.
Com base nesta premissa e na premissa de haver menor abstenção nas Legislativas, efectuei nova simulação dos resultados das Legislativas 2019 para o Distrito de Lisboa (ver resumo à esquerda; fiz a simulação para 47 deputados, na verdade nas próximas Legislativas já serão 48). Para esta nova simulação, e assumindo que votarão mais pessoas, usei as percentagens e aumentei de forma proporcional o número de votos nos cinco maiores partidos - PS, PPD/PSD, BE, PCP-PEV e CDS/PP - mas deixei inalterados os valores absolutos de votos brancos e nulos e de votos nos partidos mais pequenos - PAN, Aliança, Livre, Basta e restantes.

É uma simplificação bastante grosseira do que normalmente acontece nas Legislativas, mas ajuda a demonstrar que uma diminuição da abstenção poderá tornar mais difícil à coligação Basta conseguir eleger uma deputada ou deputado. De facto, nesta nova simulação esta coligação não conseguiria eleger.

Se aceitarmos que a abstenção favorece a coligação Basta torna-se mais claro o empenho desta coligação em desacreditar o sistema político de forma a desmobilizar o eleitorado, aumentando as suas possibilidades.

A resposta à pergunta é por isso afirmativa: o combate à abstenção é uma das armas mais poderosas para impedir a coligação Basta de chegar ao Parlamento.



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