quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

O novo coronavírus SARS-CoV-2 cada vez mais me faz lembrar o VIH-Vírus da Imunodeficiência Humana

Na história recente, consegue-se definir um tempo antes da pandemia originada pelo VIH-Vírus da Imunodeficiência Humana nos anos 1980, e um tempo depois. No que diz respeito à vida sexual das pessoas, aos comportamentos adoptados pela generalidade da população, há claramente um tempo antes e um tempo depois. E ainda não se conseguiu regressar a um tempo pré-HIV.

Cada vez mais o novo coronavírus SARS-CoV-2 me faz pensar no HIV. Sinto que este novo vírus separa um tempo antes e um tempo depois nas nossas vidas e está para os vírus respiratórios como o HIV esteve e ainda está para os vírus de transmissão sexual desde o seu aparecimento.

Por muito que se tente forçar o regresso a uma 'normalidade' pré-pandemia, não me parece que vá acontecer. Aliás, no Oriente, o primeiro SARS, o SARS-CoV-1 já tinha tido um impacto muito maior do que nós nos apercebíamos no Ocidente.

Os governos e os media bem podem tentar minimizar o risco do vírus e dar a pandemia como terminada uma e outra vez, fechando os olhos aos reais impactos da COVID-19. Mas eu não me imagino a voltar a andar de transportes públicos sem máscara. Ou de avião. Terá que haver um salto enorme na qualidade da ventilação dos espaços para sequer admitir não usar máscara num cinema.

O SARS-CoV-2 também me recorda o HIV pelo impacto que tem no sistema imunitário, e nos linfócitos em particular, e pela discussão ignorante sobre 'morrer com' vs. 'morrer de'.

No entanto, há uma coisa que separa a reacção a estes dois vírus. Muitas pessoas que acham bem continuar-se a condenar em tribunal em vários países pessoas HIV positivas por infectarem parceiros sexuais de forma inadvertida, apesar de todos os cuidados com uso de preservativo e toma de antiretrovirais, por exemplo, são as mesmas que reclamam o direito a infectar de forma intencional outras pessoas com o novo coronavírus, ao recusarem o uso de máscaras, a realização de testes ou o cumprimento de isolamento profiláctico. 

São muitas as diferenças entre estes dois vírus. Mas o seu impacto na nossa vida é comparável a vários níveis.

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