segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Estranho Mundo do Livro em Portugal

Abre para a semana uma feira onde os editores vendem directamente ao público livros a preços mais baratos do que vendem às livrarias, prática obviamente ruinosa para as livrarias e que no entanto tem o apoio de entidades públicas, como municípios, e é organizada por uma associação* que se diz por aí ser também de livreiros. Isto há coisas.

Eu ainda sou do tempo em que as editoras editavam e as livrarias vendiam. Agora algumas editoras andam tão cheias de si que nem os livreiros devem querer fornecer. Nós por aqui estamos há mais de um mês à espera que a Leya e a Distribuidora Bertrand se dignem a abrir-nos conta para podermos comprar livros. A Leya anda ocupada a ocupar a Buchholz e a Barata e não deve ter tempo para mais ninguém. Simplesmente não nos responde. Já a Bertrand mostrou-se perdida com a nossa pretensão e pediu esclarecimentos. Demos esclarecimentos a 31 de Março de 2010. Até hoje nem mais uma palavra... Será que as editoras distribuídas pela Bertrand - Tinta-da-China, por exemplo - não se importam com este estado de coisas?


Felizmente não faltam outras editoras, portuguesas e estrangeiras, prontas a responder às nossas estranhas pretensões de querer comprar livros. Mas não há por aí uma autoridade qualquer da concorrência para analisar as restrições que se passam no mercado do livro? Pode a Leya, por exemplo, decidir livremente quem fornece e quando fornece?

Trabalho por aqui não falta, não vou perder muito tempo para já atrás de quem não quer vender. Mas os nossos clientes no futuro não irão compreender se, sendo uma livraria especializada, vierem a faltar livros de referência.

Acho que vou para a Feira do Livro às compras. Não perco nada.

*A APEL - Associação Portuguesa de Editores e Livreiros faz tanto sentido existir como a Associação Portuguesa de Sindicatos e Patrões ou a Associação Portuguesa de Guardas Prisionais e Reclusos. Os interesses dos editores e dos livreiros são muito diferentes e frequentemente opostos, não faz sentido fingir que se pode representar ambos e há muito, na minha opinião, que a APEL é só a APE. Só uma associação só de editores pode conceber feiras dos livros nos modelos actuais, onde os livreiros são absolutamente dizimados. Infelizmente, os L não conseguiram pôr a LI - Livreiros Independentes a andar para conseguirem explicar às autoridades que estão a financiar a morte das livrarias independentes. É pena.

1 comentário:

  1. Li o resumo Clã, a missão da autora Luci oliver, uma bela historia e muita criatividade no (google).
    Mas quando clico em comprar sempre da erro.
    Por que?

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