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Entre zimbros. Foto de Inês Machado (LPN) retirada daqui. |
Mesmo sem a bandeira nacional hasteada ninguém perdeu o Norte e às 9h30 em ponto - grupo pontual! - iniciámos a visita. Podem ler um relato da mesma na página da LPN-Liga para a Protecção da Natureza
aqui.
O percurso deu-nos oportunidade para encontrarmos muitas espécies da nossa flora. Começámos com alguns exemplares arbustivos como o pilriteiro
Crataegus monogyna, a murta
Myrtus communis, o azereiro
Prunus lusitanica e o folhado
Viburnum tinus. Falámos depois um pouco dos laços de família que unem a olaia
Cercis siliquastrum, a robínia
Robinia pseudoacacia e a alfarrobeira
Ceratonia siliqua, árvores leguminosas cujos frutos - vagens semelhantes às dos feijoeiros - mostravam bem o parentesco entre elas.
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Foto de Inês Machado (LPN) retirada daqui. |
Aproveitámos a proximidade de um carvalho-alvarinho
Quercus robur e de um carvalho-americano
Quercus rubra para olhar para as suas folhas e ver a diferença entre os ângulos agudos bem marcados da espécie americana - à direita na foto - e a forma mais ondulada/arrendondada das espécies nacionais autóctones - à esquerda na foto.
Seriam as primeiras espécies de carvalhos do dia. Acabaríamos por visitar sete espécies no total!
Mas antes, num promontório com excelente vista sobre o aqueduto das águas-livres e sobre a serra de Monsanto, viajámos no tempo geológico para ouvir um resumo da história geológica de Lisboa e da serra de Monsanto, contada por Jorge Fernandes, professor de geologia associado da LPN.
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A serra de Monsanto vista do corredor verde. Foto de Margarida Sá Pires. |
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Jorge Fernandes (à esquerda). Foto de Margarida Sá Pires. |
Ficámos, assim, a conhecer parte da grande diversidade geológica da cidade de Lisboa e os processos que deram origem à serra de Monsanto e ao rio Tejo. A geologia, os solos e a vegetação estão profundamente ligadas!
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Trevo-de-4-folhas. Foto ICNF. |
Continuámos a nossa visita à sombra de belos exemplares de pinheiro-manso
Pinus pinea e no prado de trevo
Trifolium sp. do jardim da Amnistia Internacional procurámos pelo trevo-de-quatro-folhas como brincadeira para falar da
Marsilea quadrifolia, o
verdadeiro trevo-de-quatro-folhas, um feto aquático
muito raro e ameaçado da nossa flora.
Avançámos para visitar as hortas urbanas de Campolide onde um simpático hortelão nos explicou como funcionam. À sombra de uma amoreira-branca
Morus alba ouviu-se a história trágica de
Píramo e Tisbe, lenda da Babilónia contada por Ovídio nas Metamorfoses (e não Virgílio como erradamente disse na visita...). Um belo exemplar de medronheiro
Arbutus unedo foi a desculpa para falar nesta espécie e na particularidade da fermentação do seu fruto dar origem não só ao etanol mas também ao metanol, um alcoól tóxico.
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Flor masculina de alfarrobeira à esquerda, feminina à direita. Foto de Margarida Sá Pires. |
Seguimos para a serra de Monsanto, passando pela Quinta do Zé-Pinto. No parque florestal falámos um pouco sobre a história da sua reflorestação e sobre o processo de sucessão ecológica que se observa. Falámos ainda do papel da fauna, do gaio à raposa, na dispersão de sementes. A história da re-introdução do esquilo-vermelho em 1993 foi também abordada. Comparámos, de seguida, as flores de duas alfarrobeiras, um exemplar com flores
apenas com as peças femininas e que dará origem ao fruto e um exemplar
com flores apenas com peças masculinas que fornecerá o pólen para a
polinização.
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O parque do Calhau, um montado lisboeta. Foto de Margarida Sá Pires |
O resto da visita seria dedicada aos carvalhos autóctones de Portugal. O montado do parque do Calhau é muito rico em espécies de carvalhos e tirámos o maior proveito.
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A sombra mista de sobreiros, à esquerda, e azinheiras, à direita. Foto Inês Machado (LPN). |
Comecámos por comparar a azinheira
Quercus rotundifolia com o sobreiro
Quercus suber, espécies de carvalho de folha perene. Seguimos para um belo exemplar de carvalho-cerquinho
Quercus faginea, carvalho de folha marcescente. Seguiram-se duas espécies de folha caduca, mais associadas ao Norte e Centro do país. O carvalho-alvarinho
Quercus robur, é mais comum em zonas mais húmidas, e o carvalho-negral
Quercus pyrenaica, é mais comum em zonas mais quentes e secas no estio.
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As folhas do carvalho-negral, aveludadas, ao tacto são inconfundíveis. Foto Inês Machado (LPN). |
Já na subida para o Moinho das Três Cruzes, onde terminámos a visita, ainda vimos um carrasco
Quercus coccifera. No total, vimos seis das oito espécies de carvalhos da nossa flora, ficando a faltar apenas o carvalho-de-Monchique
Quercus canariensis e a carvalhiça
Quercus lusitanica.
Antes de darmos por encerrada a visita, eu, o Jorge Fernandes e a Inês Machado, responsável pela organização logística da visita, agradecemos a calorosa companhia de todos os que estiveram presentes e apelámos a que
continuem a apoiar a Liga para a Protecção da Natureza nas suas actividades e que, sem medos!, se associem. O trabalho da LPN necessita do apoio de todos.
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O Moinho das Três Cruzes, onde terminámos a visita. Bravi! Foto de Inês Machado (LPN). |
Foi uma manhã muito agradável. Obrigado a todos os que participaram. E um agradecimento meu ao Jorge Fernandes, à Inês Machado e à Maria Lopes, técnicos ao serviço da LPN que acompanharam a visita e ajudaram a torná-la mais rica em conteúdos, fizeram o registo fotográfico e garantiram a segurança de todos. Agradeço ainda à Margarida Sá Pires todo o registo fotográfico e em vídeo que fez da visita. Os vídeos podem ser visualizados, a partir do primeiro de dez no total,
nesta ligação.
Podem ver mais fotos na página da LPN-Liga para a Protecção da Natureza
aqui.
Em Setembro de 2017 há mais! Conto com a vossa companhia?
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