sábado, 3 de outubro de 2015

Quanto vale, em valor acrescentado de mandatos, a coligação PSD-CDS às Legislativas 2015?

Porque é que o PSD e o CDS do Continente (mas não dos Açores e Madeira, não esquecer este pormenor importante) decidiram coligar-se para as Legislativas de 2015?

Neste post tentarei examinar qual a vantagem competitiva da coligação entre estes dois partidos em simplesmente concorrem juntos às eleições. Para tal vou simular qual teria sido o resultado em mandatos das eleições de 2009 se o PSD e CDS se tivessem coligado nacionalmente (mas não nos Açores e na Madeira).

Nesta simulação somarei os totais percentuais por círculo eleitoral do PSD aos totais do CDS e faço um novo cálculo de distribuição de mandatos por todos os partidos. Retirei já um deputado a Santarém e adicionei um a Setúbal, conforme será o caso em 2015, para aproximar ao que poderá ser o resultado de amanhã.



A tabela mostra que a simples coligação do PPD/PSD com o CDS/PP em 2009 teria resultado na atribuição de mais três mandatos aos dois partidos juntos (105 em vez de 102), retirados todos ao PS que passa de 97 para 94 mandatos. APENAS por concorrerem juntos, não houve qualquer alteração do número de votos. Se três mandatos parece pouco, pense na diferença entre os grupos parlamentares que passa de 5 mandatos (102 - 97 = 5) para 11 deputados (105 - 94 =11).

A tabela mostra também que o número mínimo de percentagem de votos em cada círculo eleitoral para eleger um deputado - Real 2009 - variou enormemente entre círculos. Um círculo como Portalegre, que elege apenas 2 mandatos, terá um resultado muito mais desproporcional - mínimo de 23,8% para eleger um mandato - do que o círculo com mais mandatos, Lisboa, onde 1,9% já garantia um mandato. Note-se que este valor mínimo não é fixo e depende da distribuição dos votos pelas várias candidaturas. Note-se igualmente que a simples existência da coligação torna ainda mais difícil garantir mandatos, aumentando o valor mínimo para a atribuição de mandatos em quase todos os círculos. Ou seja, a coligação, por si só, diminui a proporcionalidade dos mandatos e torna mais difícil para os partidos mais pequenos eleger.

Registo que caso o PSD-Açores e o CDS-Açores se tivessem também coligado em 2009 teriam conseguido garantir mais um deputado que seria retirado ao PS. Como em 2015 a coligação não se estende às Ilhas, não atribuí nesta simulação mais esse mandato à coligação em 2009.

Resumindo, a simples coligação garantiria em 2009 mais três mandatos ao PSD+CDS que seriam retirados ao PS:


Sem Coligação Com Coligação
PS 97 94 (-3)
PSD + CDS 102 105 (+3)
CDU 15 15
BE 16 16

É caso para dizer que o PSD e o CDS, em termos de garantir o máximo número de mandatos, tomaram a decisão correcta em se coligarem. Tivessem-se igualmente coligado nas Ilhas e teriam conquistado ainda mais um mandato ao PS. Isto sem haver um único voto a mais para a coligação.

Ao fazer isto a direita maximizou o usufruto do sistema eleitoral que temos. Foram práticos. Foi um passo importante numa guerra evolutiva a que a Esquerda parece não ter ainda tido capacidade de resposta.

Próxima questão: e se a esquerda respondesse? Quanto valeria uma coligação CDU + BE? Sempre me questionei sobre isto e é para satisfazer esta curiosidade que vou simular esta questão em seguida.

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